quarta-feira, julho 11, 2007

Férias do blog

Para aqueles que ainda passam por aqui, estou entrando em "férias" do blog. Talvez volte um dia. Se a vontade bater, a inspiração voltar, o tempo permitir ou tiver algo novo a contar...

Até lá, vocês sabem onde me encontrar.

quinta-feira, junho 07, 2007

As nuances da comunição

No apartamento:
- Não tem sal, pode deixar que eu vou até o supermercado comprar. Mas escuta, como fala sal em francês?
- É “sel”. S-E-L.
- Ah ok, deixa comigo. S-E-L.
- Oh, mas presta atenção que aqui na França o sal não vem em plástico como lá no Brasil, mas sim em embalagens de papelão redondas.

No supermercado:
Procura, procura e nada de sal.
- Moça, onde eu encontro sal.
A cara de interrogação da francesa faz com que ela reflita mais uma vez e diga:
- “Céu”, e com as mãos abanando para o alto ela acrescenta “Céu, nuvens, estrelas...”
Não consigo nem imaginar a cara da francesa. Vendo que o arguemento anterior não funcionou, a estrangeira não se deu por vencida, e soltou a tacada de mestre:
- “Tchi, tchi, tchi”, esse foi o som que acompanhou o movimento das mãos, que se mexiam como se tivessem um saleiro entre os dedos. “Pra por na salada”, ela adiciona.

De volta no apartamento:
- Aqui está o sal.
- Obrigado. Encontrou sem problemas?
- Sim, mas a moça do supermercado não me entendeu quando eu disse “céu”, mas depois quando eu falei que era pra pôr na salada, deu tudo certo!

PS - Sei que sumi por um tempo, mas em breve voltarei com uma atualização do que aconteceu e continua acontecendo nesses últimos dias.

sexta-feira, abril 27, 2007

E novamente no metrô de Paris...

O estrangeiro entra de um lado do metrô semi lotado e avista um lugar vazio do outro lado do vagão. Marcha no meio de todos e chega do outro lado.

Na configuração dos bancos, 4 pessoas podem se acomodar num tipo de ilha em que duas pessoas ficam cara a cara com as outras duas. Dois lugares na janela e dois no corredor. O lugar vago nesse caso é um dos lugares perto da janela.

Ele diz "Excusez-moi" enquanto os outros mal movem as pernas para dar pessagem. Ele entra mesmo assim. Porém ao entrar, cambaleando no meio das pernas dos outros passageiros e do vagão em movimento, ele esbarra com a mão nos óculos da francesa de 45-50 anos sentada em uma das cadeiras do corredor.

“Me desculpe” ele diz. Ela dá um quase berro, tira os óculos, examina-os e passa os dedos ao redor dos olhos como se um deles tivesse sido estirpado pela esbarrada do estrangeiro.

Ela reclama, diz meias-palavras e passa o papel que está na mão dela para a mão do estrangeiro dizendo “Faça pelo menos alguma coisa boa por mim, vote na Segolène”. Ele imediatamente revida, retornando o papel para ela com um tácito “Eu não voto!”

Chegamos na próxima estação e os outros dois passageiros do metrô de Paris descem, deixando a francesa e o estrangeiro sozinhos. Ela, que estava sentada ao lado dele, muda de lugar e se põe face a face, como se fosse começar o debate.

Silêncio breve. A francesa continua a analisar seus óculos.

Não demorou muito até que ela se manifestasse. Olhando para os óculos, ela solta “Me passa seu endereço, você vai pagar o conserto dos meus óculos”. Vale dizer que os óculos não pareciam nem de longe danificados. O estrangeiro, achando que a tal senhora tivesse tendo um espasmo de loucura, não se manifesta. Ela repete “Me passa seu endereço e telefone”. Ele olha para ela sem entender o que está acontecendo. E a francesa diz pela terceira vez “Me dá o seu telefone, tenho testemunhas aqui que presenciram tudo”.

Já sem paciência para a insanidade da francesa, o estrangeiro num ato abrupto retoma a folha que ela lia sobre a Segolène Royal, olha bem no fundo dos olhos dela e diz “Me dá uma caneta”.

Silêncio breve novamente. A francesa abre a bolsa com hesitação e meio que sem jeito fecha a bolsa sem lhe passar a caneta e delicadamente pega a sua folha de volta dizendo “Mas você não fez intencionalmente, não é?”

Como ela vai descer na próxima estação, ela segura as mãos do estrangeiro e lhe deseja um bom dia. Antes de sair ela diz “Me desculpe, agi tomada pela dor”. E retifica o desejo de une bonne journée.

Um amigo que vive aqui em Paris há muito mais tempo do que eu, ao ouvir a história, lançou o veredito de imediato “Ah, mais uma das senhoras solitárias e sem sexo de Paris em busca de de contato humano”. Pobre criatura!

quinta-feira, abril 26, 2007

sábado, abril 14, 2007

sexta-feira, abril 13, 2007

O regresso

“E aí, como foram as suas férias?”, é uma dessas perguntas que eu tenho a impressão que cada vez menos consigo responder adequadamente.

O tempo estava assim ou assado, vi isso ou aquilo, comi tal coisa, passei por tal cidade, tal lugar, etc, etc, etc...posso até ver a outra pessoa se segurando para não abrir um bocejo na minha frente de tão entediado que o discurso soa. E eu prometo que nunca faço ninguém ver as fotos que tiro, muito menos filme, porque daí o rompimento de amizade é certo.

Mesmo sem tempo para sentar e escrever no blog depois da minha volta de férias, fiquei matutando em como poderia colocar aqui o que vi e vivi nos últimos dias e foi aí que percebi que isso era uma tarefa mais do que árdua, eu diria quase impossível.

Afinal de contas, como poderia descrever a emoção e a sensação de ver um lugar novo e sair de férias depois de um período intenso de trabalho. E quando essas férias coincidem com a chegada da primavera, melhor ainda, afinal de contas aqui na Europa a gente passa um bom tempo usando casacão e dormindo com um edredon tão espesso quanto o colchão. Tem suas vantagens, mas quando o mês de Março anuncia sua chegada, dá pra ver que todo mundo já está desesperado para volta a sentar do lado de fora dos cafés e sentir um pouco de sol no rosto.

Pois é, voltando ao tema principal, como descrever a sensação do sol no rosto, do cheiro de mar, do gosto de uma salada caprese com uma mussarela de búfala tão fresca que se o garçom jurasse que o leite tivesse sido tirado naquele mesmo dia para fazer o queijo, eu seria capaz de acreditar.

Como explicar o sentimento de entrar numa gruta e ver a água cristalina, em tons de azul ou esmeralda, tudo isso graças à luz do sol que lá penetra através de um buraco que está abaixo do nível da água. Ou ainda tentar descrever como era uma antiga cidade romana, de antes de Cristo ainda – confesso que Pompéia me deixou boquiaberto, já naquela época eles tinham casas com sistema de aquecimento do piso e o ponto alto da visita é Lupanar, o bordel da cidade, claro que é a rua mais movimentada do que restou dessa antiga cidade romana.

E ainda tem muito mais – chegar em Veneza num lindo dia de sol, tomar o vaporeto mais lento e chegar na estação 2 minutos antes do trem sair e ainda ter que recuperar as malas, comer a melhor pizza do mundo (e agora vou contrariar todos os guias que existem – eu testei a super famosa Antica Pizzaria da Michele em Nápoli, que está desde mil oitocentos e sei lá quando e realmente a pizza é muito boa, mas a pizza do La Taverna é imbatível, pelo menos até que me façam provar uma pizza melhor), passear (novamente com sol!) às margens do Lago di Garda sem compromisso nenhum, papeando com amigos, tomando um excelente sorvete italiano.

Posso dizer o que for, nada chegará perto do que representa experimentar tudo isso de verdade e sentir tudo com a própria pele. E por isso mesmo eu continuo sem entender esse povo que não tira férias...

Padrão AdP de Qualidade recomenda:

- Hotel Residenza del Duca em Amalfi: pequeno hotel no centro de Amalfi, super bem localizado e administrado pela Daniela e sua família, que fazem de tudo para agradar os hóspedes. Fiquei no único quarto com uma varanda com vista para o mar e recomendo fortemente.
- Hotel Crowne Plaza Stabiae: uma antiga fábrica de cimento transformada em hotel com quartos super modernos e um spa fantástico. Consegui um upgrade para um quarto com vista para o Vesúvio maravilhoso!
- B&B Maria Luisa: além da própria Maria Luisa ser super simpática, a maior vantagem desse restaurante é a localização, perto da pizzaria do Henrique.
- Restaurante Marina Grande em Amalfi: um restaurante com vista para o mar onde comi o melhor peixe da minha vida.
- Bikini: um restaurante na estrada entre Pompei e Sorrento, logo depois do Crowne Plaza. Serviço excelente, comida ótima e uma vista da baía de Nápoli que deixa a refeição ainda mais prazerosa.
- Pizzaria La Taverna: já ouviram falar em Zermeneghedo? Falem com o Henrique para saber como chegar lá. Além da excelente pizza, o chef Alessandro ainda faz o melhor tiramissu, que conta com uma camada de creme de Nutella.
- Visitar Pompéia com o guia auditivo.

quinta-feira, março 29, 2007

As necessidades de cada um

A legislação Brasileira garante ao trabalhador aí no Brasil 30 dias corridos de férias que teoricamente podem ser gozados de uma só vez ou em duas vezes (20 + 10). A outra possibilidade é pegar 20 dias de férias e ser pago pelos outros 10 dias.

Eu nunca fiz isso. Pelo contrário, queria é poder comprar 10 dias de alguém que quisesse me vender. E nunca compreendi muito bem como funcionam essas pessoas que dizem que estão com férias de 2 anos acumuladas porque "não puderam tirar". Balela! Acho isso a desculpa mais esfarrapada do mundo. O clichê 'ninguém é indispensável' nunca se encaixou tão bem quanto aqui. E como disse, não sei como as pessoas conseguem passar 1, 2 ou mais anos trabalhando sem parar, sem uma folga para recarregar os ânimos, respirar outros ares, acordar sem o alarme, ver lugares diferentes, sentar numa praia, ler um livro, ouvir uma outra língua, experimentar novas comidas...

Como no teste que respondi abaixo, escolhi o passaporte para simbolizar Freedom (Liberdade) e Excites me (Me deixa entusiasmado) e é justamente assim que eu vejo as férias ou mesmo os longos finais de semana quando parto para algum lugar. Funciona como a gasolina para o carro, é algo que necessito de tempos em tempos para poder continuar "rodando".

sábado, março 24, 2007

Mudanças

Eu me lembro nitidamente de quando recebia o jornal somente em preto e branco. Achei o máximo quando começaram a implementar cores, mudar layout, novas columas e artigos. Atira o interesse, atrai a atenção do leitor.

Com pretensões menos ambiciosas que o Estado de São Paulo, apresento o novo design deste blog (aliás Lívia, valeu pela ajuda!). E agora que estou aprendendo a 'fuçar' nesse negócio, com um pouco mais de tempo, ainda mais mudanças virão.

Bom final de semana!

sábado, março 17, 2007

Diretamente do Eurostar

Um sanduíche meio duro de presunto e queijo desce quase seco. Eu o ‘empurro’ com algumas golfadas de Minute Maid de maçã. A moça ao meu lado dormiu antes mesmo que o toque de fechar as portas fosse dado, ainda bem que dormiu com os braços cruzados porque depois de um dia de corre-corre (pra mim e acho que também pra ela), o desodorante já dá sinais de exaustão.

Eu estou no Eurostar, a maravilha que liga duas das principais capitais européias em pouco mais de 2h30 (em breve serão somente 2h20). Estou partindo para mais um treinamento para outra família que está de mudança para o Brasil. A última vez que tomei o Eurostar foi para ir encontrar com a minha família que tinha chegado na Europa por Londres. O clichê ‘o tempo voa’ tem se aplicado aos meus dias de forma literal.

Desde que comecei a trabalhar convivi no meio de estrangeiros. E sempre gostei dos europeus em geral, mas por vezes pensava que não existia muita flexibilidade neles e que tudo tinha que ser planejado com antecedência. E considerando que sou eu quem estou dizendo isso, o Mr. Organização aos olhos dos outros Brasileiros, imagino o que os outros Brasileiros pensam desses organizados estrangeiros.

Dessa vez estou aqui para testemunhar em favor dos Europeus – agora eu os entendo. Hoje na hora do almoço estava conversando com uma garota do departamento ao lado e ela disse ‘Quando é que a gente vai finalmente jantar naquele restaurante Brasileiro perto da Bastille?’. Me peguei pensativo, tentando visualizar que dia poderia combinar de ir jantar com ela. Para o meu alívio ela disse ‘Pra mim seria ótimo se fosse no mês que vem’. Não hesitei e respondi ‘Perfeito’.

Trata-se da mais pura verdade. Combinamos um jantar para aproximadamente daqui um mês. Entre trabalho, academia, limpar a casa, lavar e passar roupa (saudades do Brasil...), sair com os amigos, ir ao teatro, cinema, viajar (a trabalho ou a passeio), brunch no domingo, escrever no blog, receber os meus hóspedes aqui em Paris, jantar de despedida para a minha amiga do MBA que volta pra Taiwan...sei lá até onde poderia continuar essa lista.

Voltando para a minha agenda, percebi que caso alguém queira combinar de fazer algo num final de semana comigo de agora até Junho, vai ser difícil. Não, não se trata de um erro de digitação, eu disse Junho mesmo. O melhor é o mês de Maio, com a visita da minha irmã, Dani e Ju – entre Barcelona, Vale do Loire, Cirque du Soleil e La Rochelle, eu preciso arrumar tempo pelo menos para lavar as cuecas entre um “evento” e outro.

Agora com blog devidamente atualizado, vou copiar a minha colega aqui do lado e tirar um cochilo antes que o condutor anuncie a nossa chegada a Waterloo.

PS - Estou em Waterloo agora esperando para voltar para Paris. Isso aqui está uma zona devido à ameaça de fogo ontem em sei lá qual estação. Vou chegar em Paris atrasado, mas pelo menos parto hoje.

domingo, março 04, 2007

Alerta aos dentistas: NÃO leiam essa história!

Alerta às pessoas sensíveis para que não continuem a ler esse texto. Principalmente aos dentistas, pois não garanto as consequências causadas devido à continuação da leitura.

Num paralelo com a história anterior em que contei que dei um treinamento para estrangeiros que mudarão para o Brasil, esqueci de mencionar que um dos fatos relatados pelos estrangeiros é que nós Brasileiros somos preocupados com a higiene: tomamos banho todos os dias, trocamos de roupa, escovamos os dentes 3 vezes por dia, etc. Convenhamos, nada mais normal que isso, não? Eu iria mais longe e diria inclusive que se tratam de regras básicas para um bom convívio social. Mas parece que nem todas as culturas pensam da mesma forma.

Por exemplo, não creio que o hábito do fio-dental seja tão comum aqui na França como é aí no Brasil. Digo isso devido à falta de opções quando queremos adquirir o tal produto por aqui. Aí no Brasil nos perdemos diante da variedade de tipos e marcas, aqui na França tem uma caixinha azul, sem marca com um fio-dental terrível que machuca a gengiva e que uma vez se rompeu enquanto eu usava nos dentes do fundo e não vale a pena discorrer aqui o tempo que levou para eu tirar o maldito fio do meio do meu dente.

Enfim, ao saber que um conhecido viria da Alemanha aqui para Paris, supliquei: “Será que você poderia me trazer um fio-dental Oral B Satin, pois não encontramos por aqui?”.

Três dias depois, o tal colega chega aqui em Paris e diz “Aqui está o fio-dental, trouxe 3 ao invés de 1 (eu pulei de alegria!), tive que percorrer 6 farmácias até encontrá-lo”.

Uma vez dito isto, ele solta: “Mas me fala uma coisa, como é que você usa isso? Sabe o que é, eu nunca usei antes”. Diante da minha cara de assombro, ele completa “Será que eu posso observar quando você usar hoje para ver como funciona?”.

Dispensa comentários. Nem queiram imaginar o estado dos dentes do sujeito.

Moral da história: eu acabei mostrando como eu passo o fio-dental, mas ele fez uma cara “meio” de nojo e se retirou logo. Devia ter seguido a sugestão do Renato: abrir o fio-dental, passar no meio da bunda dele e ter dito “então, no Brasil esse é o famoso fio-dental, você está pronto para ir tomar sol em Ipanema!”.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Virei consultor

Recebi um e-mail na semana passada cujo títutlo era “Country Specialist”. Mas que raios seria isto? Descobri que essa empresa precisava de um Brasileiro para ser consultor por um dia para dar um treinamento para uma família de americanos, que atualmente mora aqui na França, e que está prestes a se mudar para o Brasil.

E cá estou eu no TGV a caminho de Grenoble para o tal treinamento.

Então o que eu tenho que fazer? Não muito, vou como assessor dos treinadores para falar sobre o Brasil, o que eles devem esperar, como fazer negócios com os Brasileiros, como se comportar afim de minimizar os choques culturais, enfim, nada de muito difícil. Porém como se trata da primeira vez que sou requisitado para tal coisa, ‘um pouco’ perfeccionista que sou, resolvi me preparar de acordo para o tal treinamento.

Já ouvi alguém dizer que o ser humano adora falar de si mesmo, então essa preparação foi um aprendizado do que é o “Brasileiro”. Detalhes que por vezes podem passar despercebidos justamente pelo fato de eu ser um, saltam aos olhos quando leio o e-mail de alguns amigos que foram expatriados no Brasil e para quem eu pedi uma ajuda no sentido de me dar uma visão do que um estrangeiro sente quando põe os pés no Brasil.

Unanimidade entre todos é o fato de que para uma adaptação completa um estrangeiro precisa falar português – e é a mais pura verdade. Mesmo que num círculo social todos falem inglês, a gente gosta mesmo é de falar português. E convenhamos, nem sempre todo mundo fala inglês...outra unanimidade é que somos um povo amigável e receptivo - e disso a gente sabe.

Somos curiosos para descobrir o que os estrangeiros têm para nos contar, temos uma comida que ainda faz com que os que partiram tenham água na boca quando lembram da carne tão macia e tenra que nem requer muito esforço para contar. Pão de queijo, arroz, feijão, a lista segue...

E quando um Brasileiro marca um jantar para às 20:00, ele quer na realidade dizer que não espera que você chegue antes das 20:30. Mínimo 20:15 porque se bater antes corre o risco de pegar os anfitriões saindo do banho. Eu particularmente sofro com essa característica Brasileira, já que costumo chegar 5 min. antes.

Somos religiosos e supersticiosos ao mesmo tempo. Valorizamos a família e damos um valor igual ou superior à ela daquele que damos ao trabalho. Não gostamos de ouvir os outros criticando o nosso país, temos orgulho de ser Brasileiros e não gostamos de ser confundidos com hispânicos – nós falamos português!

Temos um país tão grande e tão diverso que conta como um continente com praias e paisagens para todos os gostos.

E agora cheguei aqui nessa parte do texto e fiquei pensando que existem os problemas também...e são vários. Mas daí resolvi que pelo menos dessa vez, não falarei dos problemas do Brasil, pois estes estão ao nosso redor, no dia-a-dia, nas notícias, e às vezes esquecemos de ressaltar as qualidades do nosso país e dos Brasileiros.

Fica aqui o registro de um cidadão Brasileiro que adora o Brasil (mesmo que o tenha deixado para vir morar na Europa).

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Tal pai, tal filho

Acabei de receber um e-mail com um comentário para a minha história abaixo (O Verdadeiro Luxo), porém um comentário tão especial assim merece um lugar aqui na página principal.

"Alan

Li o seu Blog e fiquei imensamente feliz por fazer parte deste grupo, dinheiro todos precisamos, mas apenas como algo para ser trocado, pois as coisas mais importantes da vida o dinheiro não compra, como a amizade por exemplo.

Quando se tem conhecimento, disposição, boa vontade, bom senso, dificilmente ele faltará.

As vezes quando estou sozinho sonho acordado, poderia ter feito isso ou aquilo, seguindo algum pensamento chego até a ficar milionario, mas quando olho para os lados não vejo vocês (Silvia, Alan, Amanda e Adam) aí chego a conclusão que não me interessa.

O bom mesmo é ter uma vida como a nossa, indo de ônibus até Juara, comendo um bife com arroz no Jumbo, depois passando para a Pizza do Beira Rio, dando umas voltinhas de avião, e até uns passeinhos pela América, Europa, Oriente Médio etc.

Filho não escrivi no Blog porque não tenho senha e não sei como cadastrá-la, se você quiser transcrever para o blog fique à vontade.

Um grande beijo e Deus te abençoe, o pai te ama muito.

Durval"

quarta-feira, janeiro 24, 2007

O verdadeiro luxo

Viajar de primeira classe ou melhor ainda, viajar no próprio avião ou fretar um; a última coleção Armani (Giorgio óbvio, não Emporio), Gucci, Dolce & Gabbana e todas as outras últimas coleções das lojas da Avenue Montaigne; os restaurantes três estrelas Michelin com pratos tão cuidadosamente pensados e criados de forma a serem praticamente uma obra de arte, uma jóia peça única...enfim, a lista do luxo pode se estender por parágrafos e mais parágrafos.

Faz sonhar. Empresários, consumidores, trabalhadores...Para os primeiros, o que pode ser melhor de ter um produto para ser vendido para aquela gama da população que pode comprar 'quase' tudo sem se preocupar com preço, liquidação ou pechincha? Produzir um produto diferenciado em que pouco importa o preço, mais vale o status de tê-lo e poder exibí-lo. Já para o consumidor (será que o comprador de luxo também pode ser chamado consumidor? Deveria ter uma expressão mais chique, consumidor é meio pobretão, não?), este busca se distinguir dos demais e salientar ainda mais o valor da sua riqueza. Roupas caríssimas, finais de semana jet setting nas cidades, hotéis e restaurantes mais badalados do mundo - you name it, tudo o que tiver uma aura de exclusividade é o suficiente para atrair a atenção deles. Já para os trabalhadores, fica o desejo de trabalhar para uma marca que vende 'sonhos', o quase inatingível...

Não sou capaz de precisar o número de formandos da minha turma cujo alvo era trabalhar com o mercado do luxo. Provavelmente metade da turma. Talvez mais.

A ilusão do glamour atrai muitos. Seja pelo métier em si, seja pelo contexto de se infiltrar em um seleto clube, com acesso a poucos.

Fazer um MBA numa das mais prestigiadas universidades do mundo pode ser considerado um luxo. Seja pela seleção acirrada daqueles que farão parte das pessoas a segurar esse título, seja também pelo preço que se paga pelo curso. Tendo dito isto, contratar um MBA é praticamente um luxo para as empresas também, que precisam chegar aos famosos níveis salariais que pedem esses graduandos.

Para a grande maioria, o salário pós-MBA é o fator MAIS importante de todos na negociação para o emprego que nos aguarda ao final do curso. Eu sempre me questionei se esse é o fator que realmente o que me levaria a tomar a decisão final quanto aos próximos anos da minha vida.

E é justamente aí que eu volto no paradoxo do luxo. O que é realmente o luxo? De alguns amigos que vão trabalhar no setor financeiro em Londres, com salários altíssimos, eu ouvi que antes da meia-noite eles nunca conseguem deixar o escritório. E final de semana, esquece. Aí entra a pergunta - e com a fortuna que eles ganham, fazem o que?

Longe de mim a intenção de ser hipócrita nessa analogia, todos sabem do meu sentimento pró-capitalismo e do meu 'gosto requintado', que requer dinheiro para ser mantido; mas ter que trabalhar 13, 14, 15 ou mais horas por dia, todo dia, como uma rotina, faria com que eu estivesse tão cansado que nem teria tempo ou vontade para gastar o dinheiro com o meu 'gosto requintado'. E me pergunto como fazem com a vida pessoal e social.

Chego à inevitável conclusão de que depois de um certo nível social, o luxo passa se chamar 'tempo'. Tempo para viajar, tempo para cuidar de si mesmo, tempo comer (ou cozinhar) pausadamente uma boa refeição, tempo para ser gastos com as pessoas que a gente ama...e como o tempo não pode ser comprado (pelo menos por enquanto), o mesmo se torna raro, precioso!

Não creio estar dizendo algo novo aqui. Muita gente chega a essa conclusão, mas quando percebem, por vezes já é tarde demais e daí, mais uma vez, o tempo não permite voltar atrás. Decisões devem ser ponderadas e muitas vezes não é somente na razão que encontramos a resposta que nos trará felicidade. Pelo contrário. Acho que nas mais importantes decisões da vida, a intuição tem uma grande influência. Para mim por enquanto tem funcionado!

domingo, janeiro 07, 2007

Não foi em Copacabana, mas...

9…8…7…6…5…4…3…2…1…

E mais um ano termina e fogos de artifício no mundo todo estouram para anunciar a chegada do ano novo.

Eu ainda não tive a oportunidade de passar o ano novo em Sydney, Cape Town ou em várias outras cidades do mundo, mas de todas as minhas festas de ano novo, o Brasil ganha disparado nesse quesito. Calor, verão, praia, todo mundo vestido de branco, as tradições para trazer sorte no ano seguinte – tudo isso coloca a gente num clima muito especial que está longe do que senti quando passei o ano novo nos Estados Unidos ou aqui na Europa.

Mas esse ano foi diferente. Cansado das festas caras e chatas que são organizadas para o réveillon em Paris, um grupo de amigos resolveu rumar para o sul da França para celebrar a chegada de 2007 em Saint Chinian, lugar que até mesmo poucos dos franceses com quem conversei já estiveram ou até mesmo conhecem.

As reações eram sempre parecidas “Ããã, onde?” e eu calmamente respondia “Saint Chinian, fica a uma hora de carro de Montpellier”. Estávamos em um grupo de oito pessoas e alugamos quartos no que eles chamam em francês de “Chambre et Tables d’Hôtes”, ou seja, uma pensão tipo bed & breakfast onde o dono do local é também o cozinheiro e prepara o jantar para os hóspedes todas as noites.

Sem ter que se preocupar com o que fazer ou onde ir na noite do dia 31, o fato é que nós passamos um réveillon super agradável – boa companhia, ótima comida (e eu fiz eles cozinharem lentilha pra gente pra trazer dinheiro em 2007, trazendo as tradições brasileiras para a França), muita música, ambiente agradável e a falta da praia para pular as sete ondas nem foi tão importante.

Para os amantes de viagens como eu, uma breve sequência do que visitamos e quando estiverem na França com tempo para explorar o país, essa região vale a pena de ser visitada. Com cidades medievais, vinícolas e boa comida, a região de Languedoc-Roussillon tem um charme e caráter extraordinários.

Logo na chegada aproveitamos para visitar Montpellier antes de seguir para Saint Chinian. Eu adorei Montpellier! Cidade universitária, cheia de gente, bons restaurantes, o centro da cidade é charmoso e as pessoas são agradáveis. Acredito que no verão a visita seja ainda melhor, quando além da cidade, pode-se também aproveitar o mar.

De St. Chinian exploramos as cidades de Roquebrun e Olargues. Em Roquebrun comemos em um restaurante com vista para o rio e no caminho entre esses dois vilarejos passamos por Gorges d’Héric, que traduzindo ao pé da letra quer dizer Garganta de Héric, que são uma série de montanhas, altas e com cortes abruptos, que formam uma paisagem magnífica. Em Olargues, numa igreja do século XI visitamos uma exposição de presépios vindos de diferentes partes do mundo.

No dia 31 queríamos ao menos chegar perto do mar. Seguimos para Perpignan (pedido do Mike, ou melhor insistência do Mike, porque todos sabíamos que não tinha nada pra ser visto por lá), e depois seguimos para Collioure, cidade beira-mar quase na fronteira com a Espanha. Parecia que tínhamos pulado o inverno e já chegado na primavera, pois o sol brilhava, a temperatura era de 16 graus e a paisagem de um vilarejo às margens do Mediterrâneo é algo sempre agradável. Poder sentar na varanda de um restaurante aqui na França em pleno mês de dezembro é algo maravilhoso e estar perto do mar no último dia do ano com tamanha beleza ajuda a recarregar as energias para o ano seguinte.

No dia 1 levantamos tarde e seguimos para Minerve, considerada uma das mais belas cidades da França. Realmente linda e vale a pena a visita, só que tudo estava fechado! Então a nossa visita não durou muito tempo e de lá o resto do pessoal queria seguir para Carcassonne, onde eu acabei de ir com os meus pais, mas fui sem problemas, porque adorei Carcassonne, a cidade medieval mais bonita e melhor conservada da França, patrimônio da Unesco.

E no dia 2 era hora de voltar pra casa. E começar o trabalho novo, só que agora não mais como um projeto, mas como contrato definitivo, o que me dá direito a férias, então já posso começar a pensar onde será a próxima jornada. Pra dizer a verdade, eu já sei pra onde vai ser...ou alguém acha que eu concluo uma viagem sem ter outra em mente?

Collioure


Minerve

Les Gorges d'Héric


Roquebrun