quarta-feira, janeiro 24, 2007

O verdadeiro luxo

Viajar de primeira classe ou melhor ainda, viajar no próprio avião ou fretar um; a última coleção Armani (Giorgio óbvio, não Emporio), Gucci, Dolce & Gabbana e todas as outras últimas coleções das lojas da Avenue Montaigne; os restaurantes três estrelas Michelin com pratos tão cuidadosamente pensados e criados de forma a serem praticamente uma obra de arte, uma jóia peça única...enfim, a lista do luxo pode se estender por parágrafos e mais parágrafos.

Faz sonhar. Empresários, consumidores, trabalhadores...Para os primeiros, o que pode ser melhor de ter um produto para ser vendido para aquela gama da população que pode comprar 'quase' tudo sem se preocupar com preço, liquidação ou pechincha? Produzir um produto diferenciado em que pouco importa o preço, mais vale o status de tê-lo e poder exibí-lo. Já para o consumidor (será que o comprador de luxo também pode ser chamado consumidor? Deveria ter uma expressão mais chique, consumidor é meio pobretão, não?), este busca se distinguir dos demais e salientar ainda mais o valor da sua riqueza. Roupas caríssimas, finais de semana jet setting nas cidades, hotéis e restaurantes mais badalados do mundo - you name it, tudo o que tiver uma aura de exclusividade é o suficiente para atrair a atenção deles. Já para os trabalhadores, fica o desejo de trabalhar para uma marca que vende 'sonhos', o quase inatingível...

Não sou capaz de precisar o número de formandos da minha turma cujo alvo era trabalhar com o mercado do luxo. Provavelmente metade da turma. Talvez mais.

A ilusão do glamour atrai muitos. Seja pelo métier em si, seja pelo contexto de se infiltrar em um seleto clube, com acesso a poucos.

Fazer um MBA numa das mais prestigiadas universidades do mundo pode ser considerado um luxo. Seja pela seleção acirrada daqueles que farão parte das pessoas a segurar esse título, seja também pelo preço que se paga pelo curso. Tendo dito isto, contratar um MBA é praticamente um luxo para as empresas também, que precisam chegar aos famosos níveis salariais que pedem esses graduandos.

Para a grande maioria, o salário pós-MBA é o fator MAIS importante de todos na negociação para o emprego que nos aguarda ao final do curso. Eu sempre me questionei se esse é o fator que realmente o que me levaria a tomar a decisão final quanto aos próximos anos da minha vida.

E é justamente aí que eu volto no paradoxo do luxo. O que é realmente o luxo? De alguns amigos que vão trabalhar no setor financeiro em Londres, com salários altíssimos, eu ouvi que antes da meia-noite eles nunca conseguem deixar o escritório. E final de semana, esquece. Aí entra a pergunta - e com a fortuna que eles ganham, fazem o que?

Longe de mim a intenção de ser hipócrita nessa analogia, todos sabem do meu sentimento pró-capitalismo e do meu 'gosto requintado', que requer dinheiro para ser mantido; mas ter que trabalhar 13, 14, 15 ou mais horas por dia, todo dia, como uma rotina, faria com que eu estivesse tão cansado que nem teria tempo ou vontade para gastar o dinheiro com o meu 'gosto requintado'. E me pergunto como fazem com a vida pessoal e social.

Chego à inevitável conclusão de que depois de um certo nível social, o luxo passa se chamar 'tempo'. Tempo para viajar, tempo para cuidar de si mesmo, tempo comer (ou cozinhar) pausadamente uma boa refeição, tempo para ser gastos com as pessoas que a gente ama...e como o tempo não pode ser comprado (pelo menos por enquanto), o mesmo se torna raro, precioso!

Não creio estar dizendo algo novo aqui. Muita gente chega a essa conclusão, mas quando percebem, por vezes já é tarde demais e daí, mais uma vez, o tempo não permite voltar atrás. Decisões devem ser ponderadas e muitas vezes não é somente na razão que encontramos a resposta que nos trará felicidade. Pelo contrário. Acho que nas mais importantes decisões da vida, a intuição tem uma grande influência. Para mim por enquanto tem funcionado!

domingo, janeiro 07, 2007

Não foi em Copacabana, mas...

9…8…7…6…5…4…3…2…1…

E mais um ano termina e fogos de artifício no mundo todo estouram para anunciar a chegada do ano novo.

Eu ainda não tive a oportunidade de passar o ano novo em Sydney, Cape Town ou em várias outras cidades do mundo, mas de todas as minhas festas de ano novo, o Brasil ganha disparado nesse quesito. Calor, verão, praia, todo mundo vestido de branco, as tradições para trazer sorte no ano seguinte – tudo isso coloca a gente num clima muito especial que está longe do que senti quando passei o ano novo nos Estados Unidos ou aqui na Europa.

Mas esse ano foi diferente. Cansado das festas caras e chatas que são organizadas para o réveillon em Paris, um grupo de amigos resolveu rumar para o sul da França para celebrar a chegada de 2007 em Saint Chinian, lugar que até mesmo poucos dos franceses com quem conversei já estiveram ou até mesmo conhecem.

As reações eram sempre parecidas “Ããã, onde?” e eu calmamente respondia “Saint Chinian, fica a uma hora de carro de Montpellier”. Estávamos em um grupo de oito pessoas e alugamos quartos no que eles chamam em francês de “Chambre et Tables d’Hôtes”, ou seja, uma pensão tipo bed & breakfast onde o dono do local é também o cozinheiro e prepara o jantar para os hóspedes todas as noites.

Sem ter que se preocupar com o que fazer ou onde ir na noite do dia 31, o fato é que nós passamos um réveillon super agradável – boa companhia, ótima comida (e eu fiz eles cozinharem lentilha pra gente pra trazer dinheiro em 2007, trazendo as tradições brasileiras para a França), muita música, ambiente agradável e a falta da praia para pular as sete ondas nem foi tão importante.

Para os amantes de viagens como eu, uma breve sequência do que visitamos e quando estiverem na França com tempo para explorar o país, essa região vale a pena de ser visitada. Com cidades medievais, vinícolas e boa comida, a região de Languedoc-Roussillon tem um charme e caráter extraordinários.

Logo na chegada aproveitamos para visitar Montpellier antes de seguir para Saint Chinian. Eu adorei Montpellier! Cidade universitária, cheia de gente, bons restaurantes, o centro da cidade é charmoso e as pessoas são agradáveis. Acredito que no verão a visita seja ainda melhor, quando além da cidade, pode-se também aproveitar o mar.

De St. Chinian exploramos as cidades de Roquebrun e Olargues. Em Roquebrun comemos em um restaurante com vista para o rio e no caminho entre esses dois vilarejos passamos por Gorges d’Héric, que traduzindo ao pé da letra quer dizer Garganta de Héric, que são uma série de montanhas, altas e com cortes abruptos, que formam uma paisagem magnífica. Em Olargues, numa igreja do século XI visitamos uma exposição de presépios vindos de diferentes partes do mundo.

No dia 31 queríamos ao menos chegar perto do mar. Seguimos para Perpignan (pedido do Mike, ou melhor insistência do Mike, porque todos sabíamos que não tinha nada pra ser visto por lá), e depois seguimos para Collioure, cidade beira-mar quase na fronteira com a Espanha. Parecia que tínhamos pulado o inverno e já chegado na primavera, pois o sol brilhava, a temperatura era de 16 graus e a paisagem de um vilarejo às margens do Mediterrâneo é algo sempre agradável. Poder sentar na varanda de um restaurante aqui na França em pleno mês de dezembro é algo maravilhoso e estar perto do mar no último dia do ano com tamanha beleza ajuda a recarregar as energias para o ano seguinte.

No dia 1 levantamos tarde e seguimos para Minerve, considerada uma das mais belas cidades da França. Realmente linda e vale a pena a visita, só que tudo estava fechado! Então a nossa visita não durou muito tempo e de lá o resto do pessoal queria seguir para Carcassonne, onde eu acabei de ir com os meus pais, mas fui sem problemas, porque adorei Carcassonne, a cidade medieval mais bonita e melhor conservada da França, patrimônio da Unesco.

E no dia 2 era hora de voltar pra casa. E começar o trabalho novo, só que agora não mais como um projeto, mas como contrato definitivo, o que me dá direito a férias, então já posso começar a pensar onde será a próxima jornada. Pra dizer a verdade, eu já sei pra onde vai ser...ou alguém acha que eu concluo uma viagem sem ter outra em mente?

Collioure


Minerve

Les Gorges d'Héric


Roquebrun