domingo, dezembro 24, 2006

Reach - O que vem agora?


Reach em português quer dizer alcançar, chegar a algo, atingir um objetivo. Começei este blog pouco antes de começar o meu MBA aqui na França e é difícil de acreditar que esse MBA chegou ao fim na última quarta-feira, 20 de Dezembro, quando tive o meu último seminário. Oficialmente continuo com o status de estudante até Junho próximo, quando acontecerá a colação de grau oficial e também teremos a festa, porém as aulas já terminaram.

Objetivo alcançado! Sensação boa de dever cumprido e meta atingida.

A foto acima foi feita na última sexta-feira durante o nosso jantar de pré-formatura. Esse jantar foi feito porque dentre todos do grupo, uma boa parte das pessoas está partindo seja para os seus países de origem, seja para trabalhar em algum outro país e muitos não estarão presentes para a cerimônia oficial de formatura em junho.

Claro que a obtenção do MBA é um motivo de comemoração, mas depois de um ano e meio intensos, onde aprende-se muito, conhece-se muita gente interessante e de vários cantos do mundo e onde pensa-se muito o que fazer da vida depois que sairmos do curso; um laço forte passa a unir todo mundo e nessa hora notamos que não vai mais ser tão fácil marcar um jantar numa sexta-feira à noite para ver os amigos do MBA.

O jantar foi sensacional - o lugar era muito bonito e a comida estava ótima, mas o melhor mesmo foi reunir quase todo mundo do MBA para uma noite juntos, antes que o grupo se desfizesse. E além do mais, ainda tivemos uma cerimônia tipo Oscar onde fui eleito "Friendliest Male HEC MBA" e a Monica Cuello da Venezuela levou o mesmo prêmio para a categoria feminina.

Da minha parte, depois de 10 anos passando por Jundiaí, Curitiba, São Paulo, Santos, Copenhagen, Beirute, de volta pra São Paulo e depois Paris, a sensação foi de alívio de não ter que fazer as malas e partir novamente. Sinto-me feliz em poder ficar aqui em Paris e não ter que passar por uma fase de adaptação novamente. Está na hora de pensar em construir algo mais duradouro, fixar um pouco de raízes.

E agora a minha pergunta é: abri esse blog para poder compartilhar o meu trajeto aqui na França e pelo mundo durante o MBA. Com objetivo alcançado, qual será o destino do blog? Adorei ter feito esse blog - conheci gente nova através dele, mantive contato com os meus amigos e estou convencido que deveria ter feito algo assim antes, pois hoje é fácil entrar aqui e ver a retrospectiva de tudo o que aconteceu nesses últimos 18 meses comigo, ler os comentários, olhar fotos, recordar bons momentos e outros não tão bons assim...

Vou continuar atualizando este blog, só não sei se com a mesma frequência, afinal de contas a vida corporativa não deve me deixar tanto tempo livre e não sei quão interessante serão as histórias daqui pra frente.

O título vai continuar sendo o mesmo, mas preciso de uma nova descrição para o blog - qual será ela? Idéias são bem-vindas nos comentários.

E a todos vocês eu desejo um Feliz Natal e que 2007 seja pleno de novos objetivos e também de realizações!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay!!

Eu sou um pouco supersticioso. Assim como a maioria dos brasileiros também o são. Chega essa época de final do ano então, a coisa piora - roupa branca para a passagem do ano, pular 7 ondas na praia quando dá meia-noite, comer lentilha para ter dinheiro no ano seguinte e assim segue a lista...

Em 1999, eu fiz como manda o figurino, saquei minha moeda e atirei nas águas da Fontana de Trevi para um dia poder voltar à Roma. E lá estava eu no último final de semana, 7 anos depois da minha primeira visita à bela capital italiana, acho que estava ainda mais bonita de quando eu a vi pela primeira vez.

É impressionante como uma cidade foi construída ao lado de monumentos tão importantes e tão grandiosos.

Confesso que depois depois de todos esses anos, eu não tinha a imagem de Roma completamente nítida na minha memória, então sair do hotel no sábado de manhã e dar de cara com o Coliseu foi um enorme prazer. Ainda mais num dia que mais parecia de primevera do que de final de outono, com céu azul e sol brilhando.

Depois do Coliseu segui através do Foro Romano e diz a história que os conquistadores o atravessavam aos clamores e palmas do povo, porém o atravessavam com um escravo atrás dizendo "Lembre-se, você é mortal" para que eles não ficassem fora de si com tanta popularidade. Ali era o centro do poder de toda a região do Mediterrâneo e na época um dos locais mais importantes no mundo.

Passei ainda pelo Pantheon e pela Praça de Espanha, onde alguns milhares de romanos e turistas se misturavam tentando achar as melhores ofertas de Natal. E depois de um dia maravilhoso, era hora de tomar o metrô para seguir de volta ao hotel e é nessa hora que vi que nem tudo são flores em Roma. Milhares de pessoas tentando sair, enquanto outras milhares tentavam entrar na estação, tudo isso diante de UMA SÓ máquina que vendia bilhetes e trombadinhas para todo lado. Dei meia volta e segui a pé pela Via Veneto até a próxima estação.

O domingo também amanheceu com sol. Tomei café e segui para o Vaticano. Sem realmente ter planejado, chego perto do Vaticano e vejo um monte de gente correndo, entre elas algumas freiras filipinas e somente ao cruzar os arcos que levam à Praça de São Marco, noto que o papa está na janela abençoando todos os fiéis em várias línguas e pedindo paz no Oriente Médio. Não sei o que dizer do Vaticano, mas foi a segunda vez que lá estive e posso afirmar que pra mim existe algo de mágico no lugar, que sempre me trazem lágrimas aos olhos. A benção do papa eu dediquei ao meu pai, que queria tanto ter visto o João Paulo II em 1999, mas depois de 2 horas de atraso e nada do papa, tivemos que correr para a estação para tomar o trem para Veneza.

Assisti ao final da missa dentro da Basílica de São Pedro e de pude então compreender a sensação de paz daquelas brasileiras que saíram da Notre Dame, com a diferença de que eu não me coloquei lá na frente da igreja e nem tirei foto com flash do padre quando ele estava vindo dar a comunhão. E quando saí, uma chuva começava a cair sobre Roma. Segui pela avenida principal e notei uma enorme bandeira brasileira - trata-se da Embaixada do Brasil em Roma, em localização privilegiada, bem ao lado do Vaticano. Uma quadra depois, vejo a bandeira argentina, mas junto com a russa. Conclusão, nós estamos mais perto do Vaticano e não temos que dividir o prédio com ninguém.

No caminho de volta ao hotel, no qual tomei chuva sem parar e minha meia fazia "tschoc, tschoc" de tão enxarcada que estava, ainda passei pela Piazza Navona, mas a fonte que fica no meio dela e representa os grandes rios do mundo, está sendo restaurada.

E num parágrafo a parte vem a comida. Já acostumado com os preços parisienses, eu achava difícil acreditar que estava comendo tão bem e por tão pouco. Uma típica trattoria ao lado do hotel tinha uma comida tão boa, que os meus dois jantares foram nela. Comi uma das melhores panna cottas da minha vida e a pizza só perde para uma outra pizzaria numa pequena cidade no norte da Itália chamada Montebello, e nem estou dizendo isso porque o dono da pizzaria é o Henrique...

Enfim, Roma é maravilhosa e espero não ter que esperar mais 7 anos para revê-la. Por via das dúvidas, dessa vez joguei duas moedas na Fontana di Trevi, uma com a mão direita e uma com a mão esquerda. Afinal de contas no creo en las brujas, pero que las hay, las hay!