domingo, agosto 27, 2006

Novo brinquedinho + inferno astral


Acordei sábado de manhã e fui pra BHV para comprar esse forno que foi devidamente testado com um bolo de côco e chocolate e uma torta de abobrinha com bacon e queijo de cabra. O próximo experimento da semana será um quiche!

O forno foi um self present para amenizar a fase do inferno astral, pois eu ando meio chato e mal-humorado nesses últimos dias. Me sinto um pouco como o Gael García Bernal no filme "La Science des Rêves", em que personagem está sempre confuso entre o real e o imaginário.

A mente humana é algo que surpreende pela capacidade de imaginar e criar situações que não existem e que em pleno ano 2006 faz planos para o dia 14 de Março de 2013. Claro que quando somos deflagrados com uma realidade diferente da imaginada, a frustração é o resultado mais óbvio.

E fica aqui o desafio, se alguém souber como viver plenamente no presente sem se preocupar com o que o amanhã nos reserva, deixe um comentário para mim e também os outros leitores. Caso queira ser egoísta, go ahead e me manda um e-mail pessoal mesmo!

terça-feira, agosto 22, 2006


Mike, eu, Fernanda, Kati e Alexandre

Jantar em casa semana passada. Detalhe do blazer da Fernanda, que das duas uma - ou já estava bêbada do vinho francês ou teve uma reação espontânea de felicidade pelo seu primeiro dia na capital francesa ;-)

domingo, agosto 20, 2006

O tempo passa, o tempo voa...

E a poupança Bamerindus continua numa boa! O Banco Bamerindus nem existe mais, porém esse jingle ainda persiste na minha memória, junto com outras infinitas memórias da minha vida até hoje.

É difícil de acreditar que um ano já se passou. Ainda me lembro como se fosse ontem eu correndo com a papelada de visto, entregando o apartamento em São Paulo, trocando dinheiro, ponderando se tinha tomado a decisão certa, passando o maior tempo possível com a minha família e meus amigos, comendo as minhas comidas favoritas e ainda por cima preocupado com o fato de eu estar saindo do Brasil com “n” fatores incertos, principalmente financeiros.

Se tivesse uma bola de cristal, talvez nem tivesse me preocupado tanto, mas acredito que isso seja natural do ser humano, porque assim que algo se ajeita, logo tratamos de arrumar algo novo para tomar conta dos nossos pensamentos.

Foi no dia 15 de Agosto de 2005 que eu deixei o Brasil. Olhando lá atrás, ao mesmo tempo que parece que nem faz muito tempo que estou aqui na França, eu vejo o valor de tal período na vida de alguém.

Não consigo precisar em números, fatos ou palavras o que representou ter investido nesse MBA. Tem a parte óbvia do aprendizado, que é certamente fantástica e eu já estava sentindo falta desse desafio, mas tem também aquele aprendizado que é diferente de ser humano para ser humano – aquilo que aprendemos por conviver e encontrar com pessoas novas e de origens e culturas diferentes; tem também o aprendizado do dia-a-dia, aquele bem simples que vai da descoberta do saber onde comprar a sua comida predileta até o ponto alto que é a total imersão na cultura local, onde você passa a se sentir parte integrante da sociedade.

Fácil? De jeito nenhum. Só um tolo diria isso! Ainda me lembro do meu olhar desconfiado (e até um pouco frustrado) do primeiro dia em que entrei no meu modesto quarto universitário lá em HEC com uma cama sem lençol, uma escrivaninha vazia e nem papel higiênico havia no banheiro. Pensei “que diabos estou fazendo aqui?” e ainda me lembro do comentário da Cíntia, que quando viu as fotos que eu coloquei no blog, fez a comparação com o meu mega apartamento de expatriado em Beirute.

Por isso que eu acho importante aproveitar cada fase da vida e tirar o máximo de proveito de cada uma delas. Porque foi engraçado como o tamanho e a simplicidade daquele quarto foram perdendo a importância com o passar dos dias e também cada vez que eu me lembrava do por quê da minha vinda para França. Assim que encontrei as pessoas que seriam os meus colegas de classe e assim que comecei a assitir as aulas, tive a certeza de que estava no lugar certo e na hora certa e o luxo e a mordomia que tinha deixado para trás (temporariamente) não me faziam falta naquele momento.

Voltando ao meu parágrafo inicial, pergunto: o que é a vida, senão um amontoado de memórias e aprendizados que juntamos desde o momento que nascemos? E se for isso mesmo, é bom ter certeza de estar tirando o maior proveito possível dela. E olhando para esse ano que passou, fico feliz pelo que aprendi, pelas pessoas que conheci e pelos lugares que visitei. Fico feliz pelo que vivi!

terça-feira, agosto 15, 2006

Clipping

Devido à escassez de tempo dos últimos dias, não consigo sentar para escrever comme il faut aqui no blog. Mas ao mesmo tempo não quero deixar vocês sem saber o que se passa por aqui, então vou escrever algo rápido e para a próxima história espero poder sentar e me concentrar para escrever, como vocês certamente merecem.

Então aqui vai:

Acontecimento: Família de Paulo está de passagem comprada e data marcada para chegar à Europa. Em pouco mais de dois meses todos estarão aterrisando em Heathrow onde passaremos 2 dias com o meu amigo suíço Dominik. Depois seguiremos para o sudoeste da França para visitar Carcassonne e Toulose. No roteiro ainda temos Paris (óbvio) e o Vale do Loire.

Evento: minha primeira compra no eBay – um ingresso para ir assistir o novo show da Madonna aqui em Paris!! Comprei para o dia 30 de Agosto “fosse debout”, ou seja, no meio da galera...contarei mais detalhes no começo de Setembro.

Fato: o tempo em Paris é definitivamente mais louco que o de São Paulo ou até mesmo Curitiba. Domingo choveu simplesmente o dia todo e a temperatura estava por volta de 13 graus à noite (com sensação de 9 graus, segundo o accuweather). Segunda-feira amanheceu com sol e calor, algo como 25 graus. Vai entender...depois que eu apareço com a minha tosse de cachorro louco, ninguém entende o por quê.

Foto: nenhuma. Nada de muito interessante ultimamente para ser retratado. Dito isso, noto que está na hora de eu ir pra algum lugar, fazer alguma viagem, ver coisas diferentes...vou planejar isso pra Setembro, quando os preços já estarão de volta ao normal (eu espero!).

Evento II: Marisa Monte vem à Paris em Outubro. E eu já tenho o meu ingresso!! Por acaso alguém já assistiu o novo show dela no Brasil? Li a crítica do “O Globo”, que considerou o show imperdível.

Cinema: Tenho ido com frequência ao cinema. A opção de filmes não hollywoodianos aqui em Paris é imensa e isso tem me agradado bastante – para que o meu feriado hoje não passe em branco, dentro de poucos minutos partirei para assistir “The Constant Gardener” (não sei como é o título em português), mas o filme recebeu excelentes críticas e foi dirigido pelo Fernando Meirelles.

Bisous et à bientôt.

quarta-feira, agosto 09, 2006

E se fosse com você?

O neném recém nascido dorme tranquilo no banco de trás de um Mercedes enquanto uma chuva torrencial cai do lado de fora e a mãe imbica o carro na entrada da garagem. E é justamente nessas horas que o maldito controle remoto não funciona...aperta o botão da direita, nada; não custa tentar o da esquerda, mas mais uma vez nada; aperta mais forte e nada. Sai debaixo de chuva e toca o interfone pedindo para que o marido acione o portão do lado de dentro mas a essa altura já é tarde demais e ela tem uma arma apontando pra ela ordenando para que não reaja ou senão “leva bala”.

O sujeito, jovem e sem carteira de habilitação, entra no Mercedes e tenta dar a marcha ré para pôr o carro na rua e sair rapidamente dali. A mãe, que imagino que deixaria o tal delinquente levar o carro sem o menor problema, abre a porta do passageiro de sopetão dizendo que ele não pode levar o carro.

O desespero é mútuo – de um para ter o filho nos braços e do outro para “dar o fora” antes que a polícia chegue. E nesse desespero as lágrimas da mãe rolam e a ânsia de recuperar o seu filho é tão grande que palavras não lhe vem à boca e numa fração de segundos o tiro é disparado e o pé vai fundo no acelerador para sair o mais depressa possível dali, sem saber que uma pequena criatura de alguns meses dorme calmamente ao som da chuva que insiste em cair.

A cena acima é um dos trechos do filme Tsotsi, o filme sul-africano que ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro esse ano entre vários outros prêmios. Para qualquer um de nós, Brasileiros, que formos assistir esse filme, é inevitável comparar o caos que paira sobre Johannesburgo com a violência que qualquer cidadão do Rio ou de São Paulo está susceptível todos os dias quando parte rumo ao trabalho, para uma caminhada no parque ou para encontrar com amigos para um jantar.

Quem de nós não conhece alguém que morreu injustamente de forma banal? Quem de nós não conhece alguém que sofreu um sequestro relâmpago (ou até mesmo foi vítima de um)? Quem nunca foi abordado por um trombadinha? Quem não conhece alguém ou foi vítima de assalto em casa?

Me fez lembrar (com tristeza) que esse era um dos principais motivos que me faziam não gostar de São Paulo – a insegurança em que se vive nessas cidades, onde a dependência de câmaras, guardas, portões e outros aparatos cada vez mais sofisticados e cada vez mais caros é tão grande que de repente, quando deparamos com a estabilidade e segurança de uma cidade européia, nós não só enxergamos como valorizamos essa “liberdade”.

Não estou dizendo que não existam problemas por aqui, afinal de contas eu acho que meu pai nunca foi assaltado em São Paulo e um espertinho passou a mão na carteira dele em Roma. O que me refiro é à violência gratuita, é a fragilidade com que a vida humana é tratada e a insegurança que vivemos rotineiramente, que pelo menos pra mim, eram motivo de agonia.

terça-feira, agosto 01, 2006

Memórias de Canaã

Há pouco menos de um ano eu fui de férias para o Líbano antes de começar o meu MBA aqui na França e aqueles que acompanham este blog desde o início devem se lembrar de quando eu passei por Canaã (clique aqui para ver o arquivo).

Ver as imagens de crianças mortas na televisão nesse último final de semana foram chocantes demais para mim, a ponto de ter que desviar o rosto das imagens para poder conter as lágrimas.

Tristeza e revolta...será que podemos ter uma esperança de paz? Infelizmente lendo as notícias e acompanhando a insanidade dos atuais líderes mundiais (ou será que devo colocar essa palavra no singular?) deixa visível a fragilidade e o limite de ação dos órgãos internacionais e também da comunidade internacional.

Um país está sendo destruído, 1/5 da população do Líbano teve que deixar as suas casas e hoje não sabem se suas casas ainda estão de pé, o direito de ir e vir não existe mais, civis estão sendo mortos dia-a-dia e os que sobrevivem passam os dias em agonia com a falta de água potável, a falta de eletricidade, a falta de medicamentos e a falta de comida.

E a razão disso tudo qual é mesmo?