quinta-feira, julho 13, 2006

A bordo do M/S Chatellet les Halles

Aproveitei a brisa da manhã a bordo do meu cruzeiro pelo Mediterrâneo para me espreguiçar em uma das cadeiras vazias do deck e tirar um cochilo sentindo o balanço das ondas e o cheiro de mar.

Foi ao som de Gal Costa e Zeca Baleiro no meu iPod que eu me imaginei na situação acima, mesmo estando sentado no RER rumo à Massy Palaiseau, algo como a Estação da Luz em São Paulo.

É incrível como sons e cheiros têm esse efeito que chega a ser mágico comigo. Não é raro uma música me levar de volta para um bailinho de infância no quintal de casa ou eu ficar com todos os cabelos do corpo arrepiados quando uma orquestra sinfônica toca a primeira nota musical. Ou ainda lembrar-me de um beijo dado ao som de L’Aurora, de um retorno à casa depois de muito tempo fora quando ouço Amor Perfeito, da trilha sonora de um filme que eu adorei ou simplesmente de um momento qualquer, que parecia bestial quando estava acontecendo e que volta sorrateiro na memória quando a Marisa Monte entoa “apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, a palavra no muro, ficou coberta de tinta”.

E os cheiros fazem exatamente a mesma coisa. Não sei se já aconteceu com outros, mas eu já senti vontade de sair atrás de alguém que não conheço simplesmente por causa de um perfume irresistível. Mas eu não me refiro somente ao cheiro de um perfume – tem o cheiro inconfundível do arroz e feijão de casa, do amaciante usado para lavar a roupa, o cheiro da chuva chegando e eu também lembro do cheiro da minha mãe quando saía do banho e vinha dar um beijo de boa noite em mim e nos meus irmãos antes de ir se deitar.

Nostalgia? Talvez. Romantismo? Pode ser. Mas a sensação é tão prazerosa que fiquei com pena daqueles que estavam no RER sentados ao meu lado numa simples viagem de trem, pois naquele momento eu estava viajando bem longe dali...com um sorriso largo no rosto.

8 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Alan, adorei esse post!viajei lendo... voce è um poeta mesmo! escreve um livro!
bom fim de semana
ciao

Marlene Maravilha disse...

Olá Alan!
Quanto tempo e quanta coisa aconteceu nas nossas vidas não é vero???
Cheguei de Floripa e estava um sol e um calor causticante. Vai entender...até gostaria de ter sentido um friozinho, mas vá lá, em tudo devemos dar graças. ainda não sei se existe tanta coisa linda e interessante no teu blog ou se eu gosto mesmo de ti! Brincadeiras a parte, escreves bem, e eu gosto. Lindo post. Entendo e já vivi isso. É sublime e maneiro (omo diria uma priminha de Florianópolis) deixarmos a sensibilidade aflorar nas nossas vidas, e viver assim, um monte de emoções.
Beijos

RM disse...

sei bem o que é isso, acontece muito comigo!
chego a chorar quando escuto "santa lucia" ou "o' sole mio" porque vejo claramente meu avô cantando enquanto eu tocava piano aos oito/nove anos de idade...
beijos!
boa viagem nesse fim de semana!

Anônimo disse...

M/S ?

Gaaah. Navios, navios, navios...

Deveria ter virado astronauta quando podia... =/

Beijos, Fer

Vick disse...

momentos bestiais com o iPod... também adoro...

Anônimo disse...

Show!!!!
Sem palavras... exatamente a mesma sensacao que tenho as vezes!!
E voce sabe muito como "trabalhar" as palavras dentro do contexto.. e fica perfeito!!
Aproveite! Carpe Diem!
Beijos,
Egle

Anônimo disse...

Quando vc vem pro Brasil de novo? heim?
beijos
Tati

Renato disse...

Agora tambem tenho Ipod!!
Hahahaha
Tb vou ter meus momentos semana que vem em Paris, mas minha musica do momento é outra: Ain't no Other Man - Christina Aguilera. E olho que nem gosto dela.... hahaha
Tenho que achar uma forma dessa me lembrar Paris. ;-)